sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Cartas de Lisboa | Shemot




Shemot


O diálogo entre D-us e Moisés na nossa Parsha, prepara o terreno para o resgate iminente e êxodo do Egipto do nosso Povo.




Moisés está preocupado que o Povo Judeu não venha a acreditar nas suas palavras e, em resposta D-us apresenta numerosos milagres. Estes milagres, diz D-us a Moisés, farão com que as pessoas tenham confiança na sua mensagem. Em primeiro lugar, a vara de Moisés é transformada numa cobra voltando depois à sua forma original. Imediatamente depois, a mão de Moisés é afligida com uma lepra terrível e depois curada.



D-us então diz a Moisés: "Se eles não acreditarem em ti ao ouvir a voz do primeiro sinal, eles ouvirão a voz do segundo sinal." (Shemot 4:8) Por que é que seria necessário mais do que um milagre? Poderia um milagre ser mais eficaz do que o outro em persuadir as pessoas a confiar em Moisés? E o que é a "voz" de um milagre?

Explica Dom Abarbanel que estas ocorrências milagrosas não eram simplesmente uma demonstração de capacidade inquestionável de D-us, mas que cada milagre continha uma mensagem específica. Cada milagre tinha uma "voz" e uma lição a serem internalizadas.



 

A serpente representa o Faraó. Embora aparentemente assustador, D-us indica que o Faraó seria eventualmente superado. Assim como Moisés transforma a cobra de volta em vara, também o Faraó acabaria por se transformar e permitir ao Povo Judeu deixar o Egipto.




No entanto, este milagre, diz D-us, pode não ser suficiente para convencer o Povo Judeu de que seriam eventualmente resgatados. Mesmo que eles confiassem em Moisés que D-us os iria resgatar, sabendo das suas próprias falhas, talvez estivessem duvidosos sobre se seriam ou não dignos de ser redimidos.

Assim, diz Dom Abarbanel, o segundo milagre e sinal estão focados numa mensagem completamente separada. A mão de Moisés coberta de lepra é análoga ao modo como o Povo Judeu se via a si próprio no Egito. O Povo Judeu aceitou a influência da cultura egípcia ficando assim longe e de forma irreconhecível da sua tradição e valores.

É justamente esta sensação de que D-us aborda com o segundo milagre. Quando a mão de Moisés está coberta de lepra, D-us simplesmente diz-lhe para "retornar a mão ao peito," (4:6) e ele é imediatamente curado.

Tudo o que era necessário, para a "lepra" - a influência estrangeira - desaparecer, era a mão de Moisés "voltar" para o interior, revertendo ao seu estado original. A mensagem de D-us era simples e ponderosa. Mesmo nas profundezas do exílio no Egipto, o Povo Judeu pode sempre retornar à sua verdadeira identidade e essência.

E esta era a importante mensagem que o Povo Judeu precisava de ouvir. Para terem fé e confiança de que seriam resgatados, primeiro precisavam de reconhecer o seu próprio potencial e de acreditarem em si mesmos.



Shabat Shalom!
Cortesia de Rabino


Eli Rosenfeld
chabadportugal.com



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