segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Os Judeus no Iraque




Cerimonial de memória para Menahem Salah Daniel,
líder da comunidade judaica de Bagdad.




O Iraque é a designação moderna para um país estabelecido com a antiga Babilónia, a Assíria e a parte sul da Turquia após a Primeira Guerra Mundial.

O Iraque é também o lugar da mais antiga Diáspora judaica, e da história contínua mais longa, de 721 b.C. a 1949 a.e.c.,com uma faixa de tempo de 2670 anos.
No século III, a Babilónia tornou-se o centro do conhecimento judaico, como é confirmado pela contribuição mais influente do conhecimento judaico à comunidade, o Talmude babilónico. Os judeus prosperaram no que era então a Babilónia por 1200 anos antes da Conquista Muçulmana em 634 d.e.c., sob controle dos muçulmanos, a situação da comunidade judaica tornou-se instável. Alguns judeus possuíam altos cargos de governo ou prosperavam com o comércio e as trocas. Ao mesmo tempo, outros judeus eram submetidos a taxas especiais e restrições em suas atividades profissionais. Sob o controle britânico, que começou em 1927, os judeus iam bem economicamente, mas todo este progresso cessou quando o Iraque conquistou sua independência em 1932.




Comerciantes judeus de Bagdá



Em Junho de 1941, o golpe de Rashid Ali, de apoio aos nazis e inspirado pelo Mufti, iniciou uma série de manifestações e perseguições em Bagdad. Multidões de iraquianos armados assassinaram 180 judeus e feriram outros mil.
Insurreições adicionais de manifestações anti-judaicas ocorreram entre 1946 e 1949. Após o estabelecimento de Israel em 1948, o sionismo tornou-se um crime capital.
Em 1950, foi permitido que os judeus iraquianos deixassem o país num ano caso desistissem de suas cidadanias. Um ano mais tarde, no entanto, as propriedades dos judeus que emigraram foram congeladas e restrições económicas foram dadas aos judeus que permaneceram no país. De 1949 a 1951, 104 mil judeus foram expulsos do Iraque na Operação Ezra e Nehemiah, outros 20 mil foram retirados clandestinamente pelo Irão. Assim, uma comunidade que chegou a 150 mil pessoas em 1947 rapidamente se reduziu a seis mil depois de 1951.





Em 1952, o governo do Iraque barrou os judeus de imigrarem. Com a ascensão de facções rivais Ba’ath em 1963, restrições adicionais foram impostas aos judeus iraquianos remanescentes. A venda de propriedades foi proibida e todos os judeus foram forçados a utilizar cartões de identidade amarelos. As perseguições continuaram, especialmente após a Guerra dos Seis Dias em 1967, quando muitos dos restantes, aproximadamente, três mil judeus  foram presos e demitidos de seus empregos. Por volta desta época, medidas mais repressoras foram tomadas: as propriedades dos judeus foram tomadas; as contas bancárias, congeladas; os judeus foram despedidos de cargos públicos; lojas foram fechadas; licenças comerciais foram canceladas; telefones foram desligados. Os judeus foram colocados em prisão domiciliar por longos períodos de tempo, ou ficavam restritos a suas próprias cidades. Foto: Judia iraquiana que fugiu com o seu filho.




As perseguições chegaram ao seu limite máximo no final de 1968. Grupos de judeus eram presos sob alegação de descobertas de “grupos de espiões” compostos por empresários judeus. Quatorze homens – sendo onze deles judeus – foram sentenciados à morte em julgamentos encenados e, em 27 de Janeiro de 1969, foram enforcados em praças públicas de Bagdad; outros morreram sob tortura (Judith Miller e Laurie Mylroie,como é relatado em:  “Saddam Hussein and the Crisis in the Gulf”, p. 34).
Em resposta à pressões internacionais, o governo de Bagdad silenciosamente permitiu que a maior parte dos judeus que restavam emigrassem no início da década de 1970, mesmo enquanto outras restrições eram mantidas. Em 1973, a maior parte dos judeus iraquianos restantes estavam velhos demais para saírem do país e foram pressionados pelo governo a entregar títulos, sem compensações, de propriedades judaicas no valor de mais de 200 milhões (New York Times, 18 de Fevereiro de 1973).
Hoje, aproximadamente 61 judeus permanecem ainda em Bagdad. O que fora um dia uma comunidade crescente de judeus no Iraque encontra-se hoje extinta (Associated Press, 28 de Março de 1998). 

Decretos discriminatórios e violações dos direitos humanos
 (apenas alguns exemplos)

A primeira fração de legislação posta em prática que violou os direitos dos judeus foi a emenda 12 de 1948 para o suplemento 13 de 1938 ao Código Penal de Bagdad. O Código Penal de Bagdad reforçava a cláusula relacionada ao comunismo, anarquia e imoralidade da seção 89A(1). A seção geralmente proíbe a publicação de qualquer coisa que incite a difusão do ódio, abusos de governo ou a integridade da população. Esta emenda, criada em 1948, adicionou o termo “sionismo” ao comunismo, anarquismo e imoralidade, cuja propagação constituía uma ofensa com pena de sete anos de prisão e/ou uma multa.
Em um artigo do jornal New York Times em 16 de Maio de 1948, foi registrado que “No Iraque, não é permitido que nenhum judeu deixe o país a não ser que deixe £5,000 (cerca de 10 mil dólares) com o governo para garantir o seu retorno. Nenhum judeu estrangeiro pode entrar no Iraque, nem mesmo de passagem”.
A lei 1 de 1950, intitulada “Suplemento ao decreto cancelando a nacionalidade iraquiana”, privava de fato os judeus da nacionalidade iraquiana. A seção 1 estipulava que “o Conselho de Ministros pode cancelar a nacionalidade iraquiana dos judeus iraquianos que desejem por vontade própria deixar o Iraque...”. 14
A lei 5 de 1951, intitulada “Lei de supervisão e administração de propriedades de judeus que negligenciaram a nacionalidade iraquiana”, também os privava de suas propriedades. A seção 2(a) “congelou” as propriedades dos judeus. 15
Houve uma série de leis que subsequentemente expandiram o confisco de pertences e propriedades de judeus que “negligenciaram a nacionalidade iraquiana”. Entre elas está a lei 12 de 1951 16 e a lei anexa 64 de 1967 (em relação à posse de ações em empresas comerciais), além da lei 10 de 1968 (em relação a restrições bancárias).




Fonte:
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