quinta-feira, 14 de junho de 2012

Midrash da parashá Shelach

A Volta dos Espiões


Os espiões voltaram no quadragésimo dia, na noite de 9 de Av. Antes de entrarem em suas tendas, aproximaram-se da casa de estudos.
Viram Moshê, Aharon, o San'hedrin (Corte Suprema) e o povo estudando as leis de chalá (separar um pedaço de massa) e orlá (a proibição de ingerir frutos nos primeiros três anos após o plantio de uma árvore).
"Vocês não precisam estudar tais leis, que se aplicam somente em Israel," disseram zombeteiramente ao povo. "Jamais conseguirão pô-las em prática."
Os espiões despejaram seu discurso cuidadosamente preparado. Primeiro, elogiaram e louvaram Israel. Sabiam que suas perversas afirmações só seriam aceitas se primeiro dissessem a verdade.


Calev, filho de Jefoné


"Achamos que Israel é uma terra extraordinariamente fértil, realmente," principiaram. "A qualidade de que dela jorram o leite e o mel é literalmente verdade. As árvores estão carregadas de tâmaras doces e suculentas, das quais pinga o mel. As cabras têm tanto leite que o excesso flui ao chão. Assim, vimos verdadeiros riachos de leite e mel. Vejam os suculentos frutos que trouxemos.
"Agora, examinem os frutos de perto. Já viram uvas tão gigantescas? Não são estranhas? Bem, este país abriga habitantes monstruosos, exatamente como produz frutos monstruosos.



O cacho de uvas gigantescas


"É impossível conquistá-la, pois seus moradores são fortes, e as cidades fortificadas. Não podemos entrar por lado nenhum sem nos depararmos com temíveis inimigos. No sul vive Amalec..."
À mera menção do nome "Amalec", o povo tremia.

Os espiões mencionaram Amalec primeiro (apesar dos canaanitas e emoritas serem mais fortes que Amalec), pois sabiam quanto temor este nome instalava no povo. Os espiões continuaram: "Os canaanitas residem a leste e a oeste, e os emoritas e seus parentes, também poderosos guerreiros, nas montanhas, ao norte. Assim, todas as fronteiras estão cercadas por poderosas nações."

Até aqui, os espiões não contaram nenhuma mentira abertamente. As cidades canaanitas eram, de fato, muito bem fortificadas, e os habitantes verdadeiramente poderosos. Também era verdade que havia gigantes entre eles. Contudo, a sugestão dos espiões, de que a Terra era impossível de ser conquistada não constituía um fato real, porém uma opinião pessoal. (Não lhes foi pedido que opinassem se a Terra era ou não conquistável. Se quisessem externar seus pontos de vista, deveriam tê-las mencionado a Moshê em particular.)

Os espiões continuaram: "Éramos pequenos como gafanhotos comparados a estes gigantes. Certa vez sentamos todos em uma casca de romã atirada por um deles. Sentimo-nos como gafanhotos!" Ao ouvirem a descrição de "exércitos inimigos invencíveis", o povo começou a perder a coragem. Por isso, Yehoshua levantou-se para contradizer as palavras dos espiões.
Os espiões, porém, não deixariam que desse voz a sua opinião.
"Quieto!", gritaram. "Você não tem o direito de falar! Você tem filhas, mas não filhos. Você não teme que seus filhos sejam recrutados para o exército. Não queremos que nossos filhos sejam mortos!"

Calêv percebeu que deveria valer-se de um método diferente. Levantou-se sobre um banco e gritou de maneira provocativa: "Este foi o único ato que o Filho de Amram (Moshê) perpetrou para nós?" Esperando que Calêv os apoiasse, os espiões silenciaram a multidão. As vozes aquietaram-se. Todos esperavam ansiosamente pela próxima sensação.


Esqueçemo-nos de quem nos criou, nos salvou, nos providenciou o maná, e tudo isto em prol dos nosso desejo por poder. Perdemos a fé com mais facilidade que um botão das nossas camisas. Traímos, mentimos e sempre em nome de D'us. Nós nunca somos culpados.
Esta midrash ensina-nos que devemos de combater os nossos medos, que não devemos induzir o medo nos outros com palavras vãs. Uma mentira ou uma história mal contada poderá aniquilar-nos a todos.  Deveríamos todos crescer com a Torah.


  
O povo judeu não cumpriu com as leis e perdeu a fé

 

Punição da Geração do Deserto

Esta geração," jurou Ele, "que viu Meus milagres no Egito e no deserto, e não obstante testaram-Me dez vezes, não entrarão na Terra. Diga ao povo que Eu juro que cumprirei seu pedido. Pediram para falecer no deserto, e falecerão. Todos os homens com idade entre vinte e sessenta anos - aqueles que podem ser recrutados para o exército, mas recusaram-se a enfrentar os canaanitas em combate - morrerão com a idade de sessenta anos, e cavarão suas próprias sepulturas.

 Há aqui um pormenor muito interessante nesta midrash, todos vós já ouviram dizer de um amigo ou de um familiar: “ Estás a cavar a tua própria sepultura.” Dá que pensar, será que esta frase já vem daqui? Ainda hoje a mesma significa um alerta para o castigo que iremos ter ao cometermos os nossos erros!


"Seus filhos carregarão o resto da punição vagando pelo deserto por quarenta anos, até que todos os homens da geração que deixou o Egito atinjam a idade de sessenta anos e pereçam."

Também aqui saliento a frase: “Seus filhos carregarão o resto da punição vagando pelo deserto(…)”
Também hoje nós dizemos “os filhos acabam por pagar pelos erros dos páis”.Devemos refletir nesta frase que é uma realidade, hoje não insinua que será por castigo de D’us e já na altura não era um castigo aos filhos e sim aos pais, pois não há sofrimento maior que ter a certeza que um filho vai perecer por um erro nosso. E surge a pergunta:
Que posso eu fazer hoje de bom para que o meu filho continue a sorrir amanhã????


De que maneira as palavras de D'us se realizaram?

Todo ano, na noite em que os judeus tinham pecado, 9 de Av, chorando sem um bom motivo, quinze mil judeus morriam.

Assim, ficava perfeitamente claro que todos que morriam em Tish'á Beav (9 de Av) - e ninguém morria em qualquer outra data - estavam sendo punidos pelos seus erros.

Na véspera de Nove de Av, àqueles que atingiram a idade de sessenta anos, Moshê proclamava: "Vão, cavem suas sepulturas!"

Cada judeu cavava sua própria sepultura, e lá descansava na noite de Tish'á Beav. Os que sobreviviam não podiam deixar seus túmulos de manhã até que Moshê proclamasse: "Todos os que estão vivos, levantem-se!"
Os membros daquela geração, que ouviram a Voz de D'us no Monte Sinai, pareciam-se com anjos, apesar de seus pecados. Na morte, seus corpos não se decompuseram.
Na véspera de Tish'á Beav do quadragésimo ano no deserto, ocorreu um acontecimento maravilhoso. Como de costume, os homens cavaram sua própria sepultura, porém na manhã seguinte descobriram que ninguém falecera. Não obstante, não ousaram acreditar que a mortandade findara, uma vez que muitos homens que tinham vinte anos à época do decreto de morte ainda estavam vivos. Por isso, pensaram que haviam errado ao calcular o início do mês. Voluntariamente, voltaram a seus túmulos pelas seis noites seguintes.
Ao verem a lua cheia aparecer em 15 de Av, tiveram certeza de que era o meio do mês. Perceberam então que o severo decreto fora abolido.
Celebraram o dia 15 de Av como Yom Tov (Dia Festivo): com grande alegria. Esta é uma das razões pelas quais celebramos anualmente esta data como um dia de júbilo.
Na verdade, os quarenta anos de peregrinação no deserto beneficiaram os que entraram na Terra. Quando os canaanitas ouviram que os judeus estavam a caminho da Terra, derrubaram suas árvores e queimaram as casas, para que os que estavam entrando encontrassem um país devastado e deserto. D'us deteve os judeus no deserto até que os canaanitas tivessem novamente cultivado o solo e reconstruído suas casas.
Mais ainda, D'us disse: "Se Eu trouxer o povo a Israel imediatamente, cada um correria para seu campo e seu vinhedo e devotaria todas as energias para cultivá-los. Segregarei os judeus no deserto por um período de quarenta anos, durante o qual estudarão Torá enquanto comerão a maná. Então, entrarão em Israel purificados."


O decreto de morte não incluía os seguintes grupos:
  • Yehoshua e Calêv.
  • As mulheres da geração do deserto. Elas não participaram dos pecados do povo, porém foram sempre leais a D'us e a Moshê.

Por isso ainda hoje pela sua prova de fé as mulheres não necessitam de usar kipah para se lembrarem da presença  e existência de D’us. Elas sempre acreditaram e são ainda hoje o pilar de uma família judia.

  • As crianças com menos de vinte anos.
  • Os homens com idade acima de sessenta anos.
  • Os membros da Tribo de Levi, uma vez que não participaram no pecado do bezerro de ouro, no dos espiões, e em outras rebeliões.
  • Todos esses grupos entraram em Israel.


As frases escritas com esta cor, foram acrescentadas ao
texto por mim.




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