segunda-feira, 5 de março de 2012

As raizes da arte judaica






Judaica, arte A arte judaica tem suas raízes históricas na arte hebraica da palestina antiga e manteve suas características ao longo dos séculos no seio da diáspora do seu povo. O contato com tão díspares culturas levou, naturalmente, essa arte a assimilar os estilos locais, mas conservando sempre uma essência própria, profundamente religiosa.

Nos tempos bíblicos e durante a ocupação romana, os hebreus foram influenciados pelas artes da Mesopotâmia, que englobava os países vizinhos: Assíria, Babilônia e Fenícia. Desse período só restaram vestígios arqueológicos ou literários, como acontece com o mais citado dos monumentos, o Templo de Salomão, construído em Jerusalém no séc. 10º AC; em ruínas de edifícios na localidade Megido; e no palácio de Ahab, em Samaria, datados de um séc. depois.



O período da ocupação romana levou suas influências para a arquitetura local. Na Palestina foram erguidas numerosas edificações, registrando-se maior atividade durante o reinado de Herodes, como o templo do mesmo nome em Jerusalém (séc. 1º AC) e o Muro Ocidental, que ficou conhecido como “das Lamentações”. Este muro é parte daquele que rodeava o Templo. Nesta época surgiram na cidade o Palácio Massada e um anfiteatro romano. No ano 70 os romanos destruíram o templo de Herodes e obrigaram os hebreus a se dispersar, o que deu origem ao aparecimento de numerosas sinagogas fora da Palestina, edificadas segundo o modelo das basílicas romanas. Nos templos se adotou o costume de separar homens e mulheres,além de haver um santuário reservado à Thora.


Estas duas características passaram para as igrejas cristãs primitivas e persistiram nas igrejas orientais.



Nesses tempos prevalecia a crença de que criar arte para reproduzir seres humanos, fosse com desenhos ou esculturas,era idolatria e uma violação dos Mandamentos (o mesmo sucedeu com a arte islâmica). Esta imposição encaminhou os artistas para a criação de ornamentos, representações de modelos vegetais estilizados, objetos de culto e aprimorou o grafismo. Porém, a reprodução naturalista de humanos permaneceu vedada.
As sinagogas antigas possuíam mosaicos, colunas esculpidas, com capitéis de inspiração clássica, frisos cinzelados na pedra e, em seu interior, pinturas de fundo religioso. Consoante os locais onde foram edificadas, adotaram gostos locais, caso da sinagoga Doura-Europos (séc. 3ª, Síria) exemplo do gosto persa mesclado com a tradição helenística da Grécia. Outro remanescente da arte judaica antiga são os mosaicos de Beth Alpha, em Israel. A partir do séc. 11º, além de números testemunhos literários e científicos, restaram livros iluminados, ou seja, ilustrados preciosamente com gravuras coloridas, verificando-se neste campo atividades artísticas consideráveis na Palestina, Egito e Síria.
Os judeus, em sua condição de exilados em muitas partes do mundo, só tardiamente puderam fundar escolas de ensino das artes, resultando as perseguições em grande falta de documentação artística judaica até o séc. 16º. Dois sécs mais tarde, a ênfase na educação e os ventos da emancipação religiosa levaram numerosos judeus para Academias oficiais.Entre estes, muitos interessados nas artes da sua tradição hebraica.


Ao longo da Idade Média européia, a diáspora judaica se espalhou pela Europa, por todo o Oriente Médio e África, onde numerosas escolas e sinagogas foram erguidas, com especial suntuosidade na Europa Oriental, recheadas de murais e esculturas, mas nesta região muitas foram destruídas durante a II Guerra (1939-45), restando raros exemplos antigos, como em Praga, República Checa (Alt-Neuschul – Antiga Escola Nova); e outra em Toledo, Espanha, em estilo mudéjar (onde hoje é o Museo Sefardi d’ El Transito); no séc. 16º foi edificada,em estilo barroco, a sinagoga de Veneza (Itália). Limitações ditatoriais proibiam os judeus de dedicar-se às artes, o que explica sua ausência das listas de artistas do Renascimento.



Paralelamente, a partir de Castela, na Espanha, desenvolveu-se uma escola de arte judaica que se disseminou por toda a Península Ibérica, o mesmo acontecendo na Renânia (Alemanha), após o séc. 13º. Depois, o povo judeu conheceria o drama das perseguições da Inquisição da Igreja. Entre este séc. e o 18º, isto é, atravessando o final da Idade Média, o Renascimento e a Idade Moderna européia, as artes se deslocaram para objetos de culto, como lâmpadas para as sinagogas, pratos, taças, caixinhas, menorahs, etc. Nestes períodos se enriqueceram extraordinariamente os objetos feitos com metais preciosos, como a prata e ouro, além da tapeçaria.



O desenvolvimento do sionismo trouxe alento para a volta a Israel como terra-mãe dos judeus.Em 1906 foi fundada em Jerusalém a Escola de Artes Bezael, que teve como seu fundador Boris Schatz (o nome da Escola evoca o de um lendário artista,escultor, arquiteto e designer, que teria feito o Tabernáculo que continha a Arca Sagrada). A Escola Bezael foi responsável por um primeiro movimento para criar uma arte judaica de caráter internacional.




Ao longo do séc. 20º alguns artistas se notabilizaram com uma arte tipicamente judaica, como o pintor russo Marc Chagall (1887-1985) e o escultor lituano Jacques Lipchitz (1891-1973). Atualmente, de uma maneira geral, os artistas judeus, mesmo aqueles radicados em Israel, adotaram os estilos internacionais, como acontece via de regra mundo afora.





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